Moradores protestam contra estudos para criação de parque nacional na região do Quiriri

  • Foto: Mauro Schlieck/CVJ -

Audiência em Pirabeiraba reúne produtores rurais, lideranças políticas e entidades contrárias à proposta do ICMBio

Aos gritos de “Aqui, não!”, centenas de moradores das regiões rurais de Joinville, Garuva, Campo Alegre e Guaratuba (PR) se manifestaram contra os estudos para a criação do Parque Nacional Campos do Araçatuba-Quiriri. O protesto ocorreu na noite desta segunda-feira (15), durante audiência da Comissão de Economia, realizada no salão de festas da Sociedade Rio da Prata, em Pirabeiraba.

Sem a presença de representantes do governo federal, os participantes relataram insegurança e falta de informações oficiais sobre a proposta, conduzida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O principal temor é a desapropriação de propriedades para a implantação da unidade de conservação. Os moradores afirmam que as áreas são preservadas há gerações e já estão protegidas por legislações ambientais vigentes.

A audiência foi presidida pela vereadora Vanessa Venzke Falk (Novo) e solicitada pelo vereador Wilian Tonezi (PL). Também participaram os vereadores joinvilenses Brandel Junior (PL) e Diego Machado (PSD), o secretário de Meio Ambiente de Joinville, Fabio Jovita, além dos deputados estaduais Matheus Cadorin (Novo), Sargento Lima (PL), Maurício Peixer (PL) e Fernando Krelling (MDB).

Durante a reunião, Tonezi criticou a falta de diálogo com a comunidade. “Muita gente foi pega de surpresa e a comunidade não foi ouvida”, afirmou. O vereador defendeu que o ICMBio desista do projeto, alegando que a região já é protegida pela Área de Proteção Ambiental (APA) Serra Dona Francisca, criada nos anos 1990.

Na semana anterior, uma comitiva de Joinville, com a presença do prefeito Adriano Silva (Novo), esteve em Brasília em reunião com o presidente do ICMBio, Mauro Oliveira Pires. Segundo o vereador Diego Machado, que participou do encontro, não houve esclarecimentos suficientes, inclusive sobre os custos de eventuais desapropriações. O secretário de Meio Ambiente, Fabio Jovita, reforçou posição contrária à criação do parque, afirmando que os produtores rurais preservam melhor as áreas e devem ter liberdade para produzir.

Em nota à imprensa, o ICMBio informou que nenhuma área urbana ou comunidade consolidada integra o limite preliminar do parque, que teria cerca de 32.695 hectares de remanescentes contínuos de Mata Atlântica. O instituto também se comprometeu a realizar uma audiência pública na região, prevista para fevereiro ou março, para ouvir a população local.

Segundo Vanessa Falk, as manifestações contrárias registradas durante a audiência serão encaminhadas ao governo federal como forma de tentar frear o processo. Entidades representativas de produtores e pequenos empresários rurais também se posicionaram contra a proposta. A Associação Joinvilense de Agroindústrias Artesanais Rurais (Ajaar) classificou como “catastróficos” os possíveis impactos econômicos da criação do parque, enquanto a Aproagua destacou que a legislação atual já garante a proteção ambiental da área.

Apenas uma manifestação favorável foi registrada durante a audiência. Morador do bairro Glória, em Joinville, Mário Dutra defendeu que o parque poderia contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas, mas foi vaiado e não conseguiu concluir sua fala.

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